sábado, 22 de maio de 2010

VERBOFOBIA



Costumava encontrar nas palavras escritas uma forma de expressar melhor aquilo que não conseguia por outras formas. Em algum momento isso mudou. Acho que nelas depositei demasiada fé... Houve um momento em que lia desesperadamente, buscando encontrar em livros as respostas que me tornariam menos falho ou insatisfeito... O resultado inevitável foi a decepção, fértil germinatrix do ceticismo: para que ler, se parece invisível a alteração da realidade? para que escrever, se não há grande utilidade na palavra escrita? como sair do ciclo esperado, na sociedade massificada? Restam sempre "sim", "não" e "talvez", mas nada há neles de original. Também a maneira como os descrever (ou mesmo apenas compreender) não costuma mais me trazer variações significantes. Como dar vida a algo que valha a pena? Obviamente continuo sem respostas. Este blog, diga-se logo não-existencialista, é entretanto um sussurro de esperança de fazer as pazes com as letras. Rompo minha verbofobia ao menos para dar carne à angustia, no mínimo reconhecendo, esperançoso, que o desespero traz em si a antípoda, ainda que debilmente armada, do possível, caso contrário sequer seria válido sussurrar. Aqui está então o som, enquanto fato, preciso descobrir o que o sustenta, sorrio ao sugerir que haja algo que o amplifica.