domingo, 26 de dezembro de 2010

busca, apenas

Minha 2ª composição, para o segundo semestre do curso básico da UFBA, já com as críticas de meu professor :) Dessa vez, usei o Finale, tive algumas dificuldades que não consegui superar, e  não tive disposição de editar em outro programa. Sobre a peça, minha intenção aqui foi realmente não sair muito do formato básico, exceto pelo compasso e pelo final, cuja quebra brusca foi desejada para ilustrar a idéia de "mera busca", que vale por si só, independente de lograr ou não seu êxito. O que importou aqui, para mim, foi a procura, de maneira que, mesmo sem a resposta final (e até sem reticências), outras experiências não planejadas, com suas meias-respostas pavimentariam a busca, a busca apenas, interrompida à beira do encontro. Talvez uma tentativa de valorizar as respostas-meio, ao invés de dar atenção apenas à resposta-fim (se é que pode ser alcançada ). O fato é que prefiro a canção do semestre anterior, foi mais visceral e menos racional, embora tenha sido essa mesma a minha decisão.




sábado, 25 de setembro de 2010

Brasil

É tão bonita a bandeira hasteada
alto, à vista de todos
Como treme!
Sobre olhares e risos
que tremulam caçoada
em milhares de placas eleitorais
Compreendo a vergonha da bandeira,
covarde...
Orgulho seria vê-la descer guilhotina
Sobre aquelas imagens sorridentes
E ser manto para os cadáveres
Enterrada com eles.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

OBLIVION

Preciso de um lugar pra ficar
Acho que quebrei esse...
Tem outro? Me dá?
Hotel não adianta
Não pode ficar,
usucapir

Tô do lado de fora
de mim mesmo
Eu já não presta
Baguncei eu
Fui expulso
Ou fugi

Quero outro eu
Habite-se!
Um novo planeta,
uma ilha deserta,
nascido de novo,
onde eu possa dormir

Agora, limbo é onde fico
Ih, foi extinto!
Então o que é isso?
Unintelligible?
Fui brincar longe de casa
Eu            me           perdi.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

um Mar em mim

Pulsa em minha pele em minha respiração em meu suor e minha lágrima em minha cabeça em meus olhos em minhas mãos em minha boca em minha voz em meu caminho E quer abrir caminho como um monstro despedaçar a matéria proibir os argumentos Se eu penso parece ser só para que eu possa sentir Me pulsa para rotas suas Me encarna dor e prazer É ele quem me varre as palavras quem me obriga ao silêncio às vezes

terça-feira, 29 de junho de 2010

Lua Eclipse

“... O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda como sangue,
    as estrelas do céu caíram pela terra, como a figueira,
                                               quando abalada por vento forte,  deixa cair seus figos verdes,
 e o céu recolheu-se como pergaminho quando se enrola”
 (Apocalipse, 12-13).

nunca esqueci aquela lua
era uma noite de eclipse
ela aguardava amarelada
o momento em que, enfim, dormisse

o céu negro abandonara
o plácido olhar de costume
antes branco, ora incendiado
por dragões que se criam extintos
uma nova fase então assume

fazia-se espelho do humano
abandonando a qualquer instinto
êxtase contra o cotidiano
fervia também em nosso sangue
a revolta do mar confinado
a sonhar o momento inundante

eis que o sangue jorrou enquanto
a lua as trevas massacravam
fez-se ferida infeccionada
mórbido olhar em pus e pranto

em seus derradeiros minutos, já
não mais ansiávamos sua morte
parecia ser a nossa própria
a lua enfim nos abandonava
ao fim do mundo, protege-me de
meus desejos, sangue era lava
que escava nas veias o corte

e transbordava da lua que então
rebentava, em vinho e dendê;
nós, sádicos, já não queríamos o fim
de seu sofrimento, desejava-se sim
prolongar ainda sua dolorosa
ressurreição; ou porque mais vida havia
à beira da morte, ou por medo de esquecer

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Tu

Sabes que vivo em conflito,
Tentando aquietar o peito
E adequar-me a esse implacável
Mundo de provas e títulos.
Sabes que é difícil o equilíbrio,
Que caminho por gélidos trilhos,
Onde é raro escutar um coração.
Continuas a sorrir entre-tanto,
A cada vez que nos encontramos.
Enxergas a mim, esse tão encoberto,
E me fazes crer que tu és permanente,
Que essa batalha é passageira,
E sempre me acompanharás .
Até esqueço não acreditar no sempre,
De ti recebo o eterno em doçura          
E agradeço então em ti, meu amor,
Por toda e qualquer emanação de paz.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Quase-Haikai

Ela saltou
Um pulo a um só tempo
Desajeitado e gracioso
Ela saltou no tempo

E saltou o tempo de todos
Tudo parava a seu comando
Mudavam seus movimentos
O que ela não previa saltando

Eu a conheci
Garota e magia
E desse momento
Eu não saltaria.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Cefaléia

Dando a cara pra bater em outra linguagem, meu trabalho de conclusão do 1º semestre do curso básico de composição. O timbre dos instrumentos (“violoncelo” e piano) não ajuda, o programa não executa fielmente o que manda a partitura, e, principalmente, o compositor é iniciante, mas aí está (acho que é preciso baixar um plug-in).




quarta-feira, 16 de junho de 2010

Surrealismo

Aqui, o outro poema, este de 1997, remetendo à linguagem de desenho. Gostaria de vê-lo em seu meio próprio, mas, se as letras me estão árduas, as artes plásticas não encontram possibilidade alguma em mim; quem for louco o bastante fique à vontade para transpor de versos a imagens.

Poême à la Dalí

No espaço crítico-paranóico, a dimensão além do físico, um ser merece destaque. Seu incrível e intrigante mundo exerce descomunal fascínio sobre os homens.

Chove
O céu escuro brilha com as lágrimas dos deuses
Dilúvio de prazer
Duas pontas rochosas emergem ao fundo
Línguas no céu da boca
Gafanhotos voam de trás para frente
Para lindas borboletas de quatro asas
Mais ao fundo, um elefante equilibra-se sobre membros longos
Caminha harmoniosamente sobre a água
Carregando pedra extremamente preciosa
Em forma de uma aparentemente simples esfera
Rachada ao meio, a esfera da felicidade
Um homem assiste maravilhado a todo este espetáculo

No centro, um lago
Emerge a Vênus de Milo
Contorcida em formosura sem igual
E os olhos do homem dançam em seu contorno
Então, como no conto,
Surge a espada
Excalibur
Vem a mão da senhora das águas
Segurando em chamas um coração

Na margem direita, homens
De costas uns para os outros
Beijam conchas, rosas...
Vulvas

Na margem esquerda, jaz um cofre
Macacos procuram desesperadamente algo
Uma chave... que está em cima da caixa
Cuja fechadura
Confunde-se com uma inocente menina pulando corda

Um pouco mais abaixo
Um abismo escuro abriga o Éden
Habitado pelos mais desejados sonhos

Ao lado,
A cabeça decepada de cabelos brancos de uma mulher
Mira um forte tronco
Sustentando vistosas folhas
Uma árvore
Já não se sabe qual é a mulher

À frente, perto de um vale
Apresenta-se
Majestosa, colossal
Uma figura feminina
Uma linda e atraente mulher
Branca como as asas do arcanjo

Ajoelhada

Uma das pernas apoia-se sobre bengala
Uma bengala vinda da própria terra
Que adormece próxima à divina capela
Do corpo feminino

Do tornozelo o pé
Sobram, apenas, vestígios de carne e osso
Seu doce sangue banha a terra
É alimento para as serpentes

Sua outra perna vai escurecendo
Culminando na perna de uma feroz pantera
Adormecida..., mas prestes a acordar

Seu pé
Enterra-se vagarosamente na areia
Ritmo sensual

Às suas costas, por entre um de seus braços
Encontra-se o perfil de um homem
Que se confunde com a paisagem
Seu olhar está envolto num círculo de fogo banhado por sangue
O círculo da luxúria
E a mulher tem-no firme
Numa de suas frágeis mãos

Ainda de suas costas
Nasce uma afiada e lustrosa lâmina...
... Perto, um homem está morrendo
Com seu dorso perfurado bem como a alma
Escreve seu epitáfio numa pedra
Duas ondas, lápide marmórea

Uma nuvem
Nos leva à altura de suas rosadas nádegas
De sua bela flor encoberta por uma de suas coxas
Em nossa nave, se esconde um tridente

Ela não tem boca
Formigas caminham abaixo de seu nariz

Seus olhos estão fechados, em charme inigualável

Uma das extremidades de seu rosto
Obscura, oculta-se
Sob uma misteriosa terceira mão

Seu cabelo esverdeado
Rebelde, esvoaça ao vento
A chama da alma
Dele crescem cobras
Navegam no universo de sua mente
Medusa

Sobre os seus pomposos seios
Enxerga-se um braço
Escalpelado do antebraço à mão
Estendida a uma outra mão
De fogo, vinda do além

Durante esse misterioso armistício
Nessa república do amor
Minha rainha soberana é a mulher

E eu sou...

Menos ainda do que um simples espectador
Menos que um grande artista
Porém mais que um apreciador das artes
Eu sou mais...

E eu sou seu escravo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Escatologia

Resolvi percorrer também 2 antigos poemas meus. 1 é este, que remete à linguagem “científica” do Direito. Embora seja um dos últimos que escrevi, vem primeiro em razão de expressar agonia permanente, revivida, desta vez, ao assistir a “O Caso dos Irmãos Naves”, sentindo o quanto há de atual, nessa obra da década de 60, sobre fatos da década de 30. Publicada em Ângulos 22 (2002), essa poesia foi inspirada originalmente, entre outras referências, pela invasão, pela Choque (PM – Polícia Militar do Estado da Bahia), do campus da UFBA (Universidade Federal da Bahia) em 16 de maio de 2001 ordenada pela então secretária de segurança pública, a bacharela em Direito Cátia Alves, a mando do então governador César Borges, a mando do então senador ACM, por ocasião de protesto pela sua cassação, devido à violação do sigilo do painel de votação do senado; também por ver estudantes de Direito banquetearem-se com sangrentos casos criminais, ansiosos por vestir o terno de advogados e citar empoeiradas doutrinas, para sentir na veia o poder jurídico que os distanciaria de cidadãos comuns e os afastaria dos fétidos banheiros da faculdade, de raros papéis higiêncios.


Os Anais do Direito












Direito gerência da paz social
Há na fome alguma paz social?
Que é fome senão
Dinâmica degenerativa da função
Do complexo processual
Procedimento jurídico-cultural
Dilaceramento em ação
Sobre a ignorância da inexistente digestão

Que é hoje cultura jurídica
Senão das formas e vernáculos
A mais pedante cultuação
Padrões de olor normativista
Fidalgo-exegéticos
Seita de ego-sofisticação

Mas a carne assada
de ilustre jus-aplicador
Revela de sua concubina alma
Dos cistos o odor,
De geral hemorragia
De moral diarréia
De brutal ataraxia
Os anais do jus aplicador

Pois belíssimas cores, tesouro
Na sócio-selva cortesã
Descortinam-se freqüentemente véus
Do venal veneno de uma rã

Simulacros vis trovam a justiça, olvidando a ética
Esquecendo que a ausência de sentimento na técnica
É ourives da inútil forma
Estudiosamente alienada, tétrica
É sobrevida sem matéria
Desavergonhadamente vulcanizada no prazo
Jusartificialmente gerida
Pela máquina jurídica soldado-raso

Necessidade superior na fisiologia
De fezes coberta sua cavidade pudica de deontologia
Comunica-se enfim com o exterior
“Tapada” sócio-demência
Autônoma e singular ciência
Expele na sociedade seu valor

Salas ultrajadas de uma faculdade
De livre arbítrio seduzidas são
Ignoram a realidade
Escravas voluntárias da institucional sedação
Ri, sua retórica, a agonia
Miséria-morte-joça feita da vida alheia
Então expressa fútil brilho-mania
Em mil e uma bibliografias
Para falsear sua falta
De individualidade humana
Defendendo o sangue da alheia veia

Força policial gado eqüino e caprino
Não “invadiu” o respeitável santuário
O soberano estudo das normas
De nenhum modo foi violado
Intimamente vermes fotófagos
É que, há muito, germinaram
Superficticialidade-carlaperez
Lamentavelmente real-catialves
Natureza jurídica dos papéis higiênicos
Desperdiçados nos riquíssimos anais do “toalete” universitário
Quando o buraco na verdade...
É bem no meio!

Prostituídos os anais da jus filosofia
Sois enfim imparciais?
Obedecendo à pax romana da oligarquia,
À direita mens legislatoris?
Isolados no hermetismo do jus enrolandis
Da verdade extra-constitucional
Da sociedade de maioria marginal
E da corrupção imperial,

Preside irresponsável a fétida vaidade
Poço de perfumes judiciais
Uma tiradíssima comonló tupiniquim
Lei de costumes de mediocridade gerais
De sofistas citando nomes e línguas
Excrescência egoística da pesquisa
Do “dever” de manutenção necrofílica
De uma ordem social desgovernada
Ou estrutura artificial ilegítima
Ou desumana exploração legitimada

E pois que sou doente e ridículo trovador
Da história ANALítica do Direito
Me resta a prerrogativa de espalhar o cheiro
Jogo a merda no ventilador.


Leonardo Raposo

sábado, 5 de junho de 2010

Regurgitando

"Eu sou é eu mesmo. Divêrjo de todo o mundo... Eu quase que nada sei. Mas desconfio de muita coisa. O senhor concedendo eu digo: para pensar longe, sou cão mestre - o senhor solte em minha frente uma idéia ligeira, e eu rastreio essa por fundo de todos os matos, amém! Olhe: o que devia de haver, era de se reunirem-se os sábios, políticos, constituições gradas, fecharem o definitivo a noção - proclamar por uma vez, artes assembléias, que não tem diabo nenhum, não existe não pode. Valor de lei! Só assim, davam tranqüilidade boa à gente. Por que o Governo não cuida?! "(Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas - eu pus o itálico, ou seja, os frisos não são nossos, apesar de variado, sou uma só pessoa, por enquanto).

Carrego esse texto, há algum tempo, pedindo para ser transcrito. Não tinha certeza se deveria postar citações, enquanto procuro minha espontaneidade. Medo de paralisar novamente ao ver expressas por mim mesmo as infinitas léguas de distância vulcanizadas em palavras, de ter arrombado as portas da casa que eu mesmo construí para me sentir mais seguro, de estar cometendo o suicídio de minhas palavras nascituras. Chega, postei, e vem mais! Confesso que até me senti bem só de transcorrer o mesmo léxico que ele gerou. E não sou nada Riobaldo, pra me sentir divergente de todo mundo, e com tal tranqüilidade, quem me dera... Mas o "sou", é hilário... Who are you, who, who, who, who? I really wanna know! Tinha mesmo que ser a abertura de um programa de legistas. Toda definição de um objeto (ou de um sujeito) parece tentar retirá-lo do tempo e do espaço, sem o instável pulsar da vida e de suas circunstâncias. Talvez por isso me incomode tanto essa pergunta, ora ela quer me tratar como um objeto, me arrancar a vida e me categorizar com um epitáfio. Por que tudo e todos continuam a perguntar? Se alguém realmente fizer questão de solucionar o mistério, o último lugar a procurar seria nessa pergunta ridícula. Novamente, isso não é existencialismo, não é crise de identidade, mas talvez essa crise tenha tanto sucesso por causa dessa insistência, mané quem sou eu.... Deviam tirar isso de tudo o quanto é formulário ou dinâmica de grupo, valor de lei! Só assim, davam tranqüilidade boa à gente. Por que o Governo não cuida?!

"O senhor... Mire e veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminados - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso me alegra, montão. E, outra coisa: o diabo, é às brutas, mas Deus é traiçoeiro! Ah, uma beleza de traiçoeiro - dá gosto! A força dele, quando quer - moço! - me dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém vê. Ele faz é na lei do mansinho - assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se divertindo, se economiza" (Grande Sertão: Veredas).

Nem bem eu terminei meu assunto, já apareceu ele de novo. Me interrompendo... aproveitou um hiato, é assim mesmo. É assim que as coisas são, ainda não foram terminadas, afinam ou desafinam. E aí, é vem... QUEM É VOCÊ? Só assim davam tranqüilidade boa à gente. Tranqüilidade tem limite! Tende ao término, e eu não tô pronto nem pra ser terminado nem pra terminar os outros. Essa mania neurótica de segurança quer isolar, definir, categorizar. O nome deste blog e o nome de seu primeiro post correspondem a títulos de algumas letras que escrevi na Funk Farsa. Da primeira leva (depois só a segunda quase sem registro), que me ficou incomodamente marcada como Fase do Ser (que ridículo me dei letra maiúscula), com uma obsessão por "ser", que macula vergonhosamente as rimas. Elas me dão uma impressão de que o ser me é melhor alcançado por interação intuitiva do que por palavras que parecem querer congelá-lo, injustiçando sua dinamicidade despida de segurança. Muitos parecem acreditar que a segurança é de Deus, Por que o Governo não cuida?! E a insegurança, coitada... do diabo, às brutas, e se não tem diabo nenhum... Mania de tirar da reta! Quer segurança, tranqüilidade, irresponsabilidade e ainda estar vivo! Cada um que cuide e assuma sua alma.

"Vender sua própria alma... Invencionice falsa! E alma o que é? Alma tem de ser coisa interna supremada, muito mais que de dentro, e é só, do que um se pensa: ah alma absoluta! Decisão de vender alma é afoitez vadia, fantasiado de momento, não tem a obediência legal. Posso vender essas boas terras, daí de entre as Veredas - Quatro - que são dum senhor Almirante, que reside na capital federal? Posso algum!? Então, se um menino menino é, e por isso não se autoriza de negociar... E a gente, isso sei, às vezes é só feito menino. Mal que em minha vida aprontei, foi numa certa meninice em sonhos - tudo corre e chega tão ligeiro -; será que se há lume de responsabilidade? Se sonha, já se fez... Dei rapadura ao jumento! Ahã. Pois. Se tem alma, e tem, ela é de Deus estabelecida, nem que a pessoa queira ou não queira. Não é vendível" (Grande Sertão: Veredas).

Até que ponto chegou o mercado... Será que tão vendendo parceladamente? Por pedacinho... Parece coisa de gente querendo tirar da reta! Imagina só dizer que o dono agora é outro, ele que pague as multas de trânsito... Tranqüilidade, né... Pai, afasta de mim esse cálice. QUEM SOU EU! Ah, não tenho tempo a perder com isso, estou ocupado sendo! Às vezes, penso, sinto, mas não é por isso que sou, não é a palavras de grandes filósofos que devo minha existência viva. Sem explicações, científicas, filosóficas ou teológicas! Embora as palavras também possam ter vida. E muito embora o texto de outra pessoa diga mais a mim do que o meu próprio. Mas sou, com todas as contradições e obscuridades de qualquer linguagem, que não deixam de acontecer com as palavras, assim como não deixam de acontecer sem elas. Não deixo de ser enquanto escrevo, não agora.